Trabalho e prazer se confundem a todo momento quando o assunto é vinho. Quem vive esse universo, como eu e tantos outros da minha família, sabe que o vinho é mais do que uma bebida. É memória, celebração, afeto. Mas, por muito tempo, ele também foi tratado como algo inacessível, com uma linguagem complicada e distante para a maioria das pessoas.
Na Casa Perini, sabemos que dá para dominar a técnica se fazendo entender. E essa escolha começa, quase sempre, pelas palavras que utilizamos para apresentar nossos vinhos e espumantes para quem não está habituado aos termos do mundo do vinho. Porque a linguagem que usamos diz muito sobre como queremos nos conectar com as pessoas.
Afinal, a gente não complica para falar de massa ou churrasco, né? Então, por que complicar tanto com vinho?
O segredo está em usar uma linguagem que remete ao que as pessoas já conhecem e gostam, em termos de sabor. Nessas situações, a gente prefere falar do que o vinho faz, como ele marca encontros, celebrações e conquistas, do que de como ele é, no vocabulário técnico.
Por exemplo, podemos chamar de “leve e refrescante” em vez de “vinho jovem de acidez pronunciada”. Porque leve e refrescante todo mundo entende. Já “acidez pronunciada” assusta, e nem sempre diz muito para quem não está tão habituado.
Quando a gente fala em “assemblage”, explica na sequência: é uma mistura de uvas que resulta num vinho mais interessante. Quando falamos em “terroir”, também tentamos traduzir, como o conjunto formado pelo solo, clima, manejo e cultura que dá a personalidade ao vinho.
Traduzir, sempre que possível, é a melhor escolha para apresentar o vinho e os espumantes ao maior número de pessoas. E os exemplos não param por aí. Também temos os “taninos”, substâncias naturais que dão aquela sensação de secura na boca, e também a “perlage”, as bolhas presentes nos espumantes, quanto mais finas e persistentes, melhor.
A gente acredita que o vinho é para todos. E que a melhor forma de mostrar isso é com palavras que acolhem, e não que excluem. A Casa Perini é feita de gente. De gente que faz, que celebra e que inova todos os dias. Se a gente conseguir transformar cada garrafa numa experiência mais próxima, mais leve e mais divertida, estamos no caminho certo.
Afinal, vinho é alegria e traduzir esse universo é incluir mais gente na conversa.
Por Franco Perini.



